Mulheres síndicas em alta: forte presença nos condomínios de São Paulo
- Editorial
- 30 de jul.
- 3 min de leitura
Nos últimos anos, o perfil de liderança nos empreendimentos condominiais, em especial na cidade e no estado de São Paulo, tem passado por uma transformação. É cada vez mais comum encontrar mulheres atuando como síndicas de edifícios residenciais e até corporativos — um reflexo de uma transformação mais ampla do mercado de trabalho.

O cenário mais amplo: mulheres em cargos gerenciais
Dados oficiais do IBGE de 2022 apontam que as mulheres ocupavam apenas 39,3% dos cargos gerenciais no Brasil, enquanto os homens correspondiam a 60,7%. Apesar disso, a presença feminina no nível gerencial vem crescendo nos últimos anos — em 2012 eram cerca de 36%, e hoje já ultrapassa 39%.
Contudo, a desigualdade salarial persiste: mulheres em cargos de gerência ganharam, em média, R$ 6.600 em 2022, enquanto homens na mesma posição ganharam cerca de R$ 8.378 — uma disparidade de 21,2% a menor remuneração feminina.
Essa diferença salarial também é confirmada por outras fontes: segundo a Lei 14.611/2023 e o 1.º Relatório de Transparência Salarial do Ministério do Trabalho, mulheres recebiam em média 19% a 22% a menos que os homens em funções equivalentes em 2022.
São Paulo: multiplicidade feminina nas síndicas
Embora ainda faltem estatísticas nacionais detalhadas sobre síndicas de condomínios, o estado de São Paulo vem registrando uma crescente presença feminina nas lideranças condominiais. Em grandes cidades como São Paulo, Campinas e Santos, muitas gestões associativas de condomínios têm síndicas eleitas ou contratadas — tanto em formatos autogeridos quanto profissionalizados.
Esse movimento acompanha a tendência nacional: mulheres se capacitam em cursos de gestão condominial, advocacia e administração e assumem papéis de comando com reconhecimento. A mudança também é visível nos prédios corporativos, com mulheres assumindo cargos de gestão predial, relações com moradores e sustentabilidade nos edifícios comerciais da capital paulista.
Por que essa mudança está acontecendo?
1. Mulheres mais escolarizadas e presentes no trabalho formal
As brasileiras têm maior escolaridade do que os homens e estão em maior número nas universidades — por exemplo, em 2022 representavam 60,3% dos concluintes do ensino superior, ainda que em áreas de engenharia e TI a presença feminina seja apenas de cerca de 22%.
Além disso, o nível de ocupação das mulheres atingiu recorde no segundo trimestre de 2024: 48,1% estavam ocupadas, embora ainda bem abaixo dos homens (cerca de 68,3%).
2. Quebra de barreiras invisíveis
Mulheres têm buscado especialização, formação profissional e atuação em áreas tradicionalmente masculinas — inclusive liderança predial. O aumento discreto de síndicas reflete a ampliação da presença feminina nas posições de decisão.
3. Valorização da gestão e da comunicação
Síndicas frequentemente trazem gestão colaborativa, foco na comunicação transparente e na organização financeira e social do condomínio — habilidades valorizadas nos ambientes modernos, residenciais ou corporativos.

Foco nos prédios corporativos em São Paulo
Embora exista escassez de dados específicos sobre síndicas ou mulheres em posições de gestão predial em edifícios comerciais, a tendência corporativa é clara: cada vez mais mulheres ocupam cargos de gestão em facilities, sustentabilidade e bem-estar empresarial. Isso impacta indiretamente na administração de prédios corporativos, muitas vezes lideradas por equipes onde mulheres têm forte participação.
Em São Paulo, que concentrou quase metade dos investimentos corporativos do país, esses profissionais atuam na interface entre administração predial e gestão de pessoas, o que reforça um movimento de maior presença feminina também na governança desses empreendimentos.
O protagonismo crescente das mulheres síndicas em São Paulo — tanto em condomínios residenciais quanto em ambientes corporativos — é parte de uma tendência maior: o avanço feminino em posições gerenciais no Brasil. Ainda que as mulheres ocupem cerca de 39–40 % dos cargos de chefia em geral e enfrentem disparidades salariais de até 21 %, sua presença e influência vêm aumentando com força, especialmente nas lideranças locais como a condominial.
Essa transformação representa não só uma evolução de gênero no mercado de trabalho, mas também uma mudança de cultura na administração predial: mais gestão participativa, diálogo e diversidade na tomada de decisões.
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